sábado, 14 de setembro de 2013

Gente Grande 2


Gente Grande 2 [Grown Ups 2, EUA, 2013. Direção: Dennis Dugan]
Lançamento no Brasil: 16 de agosto de 2013, nos cinemas.

Durante toda a sessão de Gente Grande 2, eu me fazia seguinte questão: "Sobre o que este filme é, afinal de contas?". Há alguns filmes em que nos fazemos esta questão pela amplitude de assuntos que eles abordam ou então por este ter uma profundidade que trouxe reflexões além de nossa compreensão. Mas neste caso, a pergunta foi literal. A resposta poderia vir no parágrafo seguinte, em que abordaria a descrição do que a obra se trata, mas ao invés de citar que "os filhos dos protagonistas estão em seu último dia de aulas" ou que "o personagem de Adam Sandler está em conflito com a questão de ter ou não mais um filho", prefiro dizer simplesmente que Gente Grande 2 se trata das filmagens de um dia na rotina de um bairro em que Adam Sandler, Kevin James, Chris Rock, David Spade e alguns amigos dessa turma moram - e todos convivem praticamente juntos -, mas este dia não é atípico ou grandioso, pelo contrário, parece ser um dia dos mais chatos ou apáticos. Mas a vida de Adam Sandler deve ser bastante apática mesmo, para que ele consiga gastar seu tempo investindo no roteiro como este.

Embora ver este filme não estivesse em minhas pretensões para esta última sexta-feira no cinema (eu vi por questões que não vêm ao caso), tentei me esforçar ao máximo para gostar dele, afinal de contas, o primeiro pode ser bobo, mas até é divertido e tem uma razão de ser, pois narra o reencontro de um quinteto de amigos muitos anos após a última vez que se viram, com suas memórias fluindo para reencaixar as amizades, mas e agora, que eles já se encontraram, recuperaram suas amizades e voltaram a morar próximos? Bom, agora nada, agora a vida segue (mas eles precisavam engordar seus bolsos em mais uma investida nesta franquia). Mas justamente no dia em que esta narrativa se passa, acontecem algumas coisas extraordinárias - não, não no sentido fantástico, apenas de fugir do ordinário mesmo -, como a chegada de um filho até então desconhecido pelo personagem do David Spade, a descoberta do personagem do Adam Sandler de que sua esposa está gravida outra vez, o primeiro encontro da filha do personagem do Chris Rock - que também descobre o talento para a música -, um reencontro entre o mesmo personagem do Sandler e uma namorada de muitos anos atrás - que ele não se lembra -, uma festa universitária acontecendo na represa onde antes os protagonistas costumavam nadar, as esposas destes mesmos protagonistas iniciando um curso de algum esporte (não me negarei a dizer que não me lembro, já que esqueci-me de grande parte do que ocorreu durante esta projeção), uma festa que reunirá toda a cidade na casa do Sandler e algumas outras coisas. Tudo no mesmo dia, por conveniências das mais variadas - e furadas. Por mais que não sejam coisas comuns, isto não serve como argumento para produzir um longa-metragem, é apenas um dia com algumas surpresas, que por algum motivo muito mal explicado foram acontecer todas no mesmo dia.

Porém, o erro de todos nós foi achar que poderíamos subestimar a sabedoria de nosso querido Adam Sandler - com a parceria de seus colegas igualmente interessantes Fred Wolf e Tim Herlihy -, que consegue tornar este dia comum na vida dele e sua turminha do barulho em algo com espaço para tantos elementos artísticos que vão desde a metalinguagem - em certo momento, Sandler diz algo como isto para os seus filhos: "os homens de nossa família têm a fama de serem feios e conquistarem belas mulheres, ou então, como você explicaria eu e sua mãe? A não ser que estivéssemos num daqueles filmes de Hollywood (risos, risos, risos)" -, piadas homofóbicas, referências pop de fazer inveja à série Community - vejam só, a festa de Sandler se passa nos anos 80, que belo reservatório para fantasiarmos os atores de celebridades da época e darmos close em seus figurinos para nossos espectadores imbecis notarem quem eles são! -, e críticas políticas sagazes - "ninguém mais teme os negros, a culpa é do Obama!", grita o personagem de Chris Rock algo assim num momento. Aposto que Sandler, este gênio da comédia contemporânea, também orientou seu parceiro e amigo de sempre, o diretor Dennis Dugan, a utilizar o máximo que pudesse de slow motion e ainda executasse planos geniais como aquele em que a câmera acompanha David Spade girando dentro de um pneu - logo depois, ele vomita, que surpreendente! -, afinal de contas, o que são as parcerias entre Scorsese e De Niro, Burton e Depp, Scorsese e DiCaprio, Almodóvar e Penélope Cruz, Wes Anderson e Murray, para não citar outros, se temos Dugan e Sandler? A melhor parceria da sétima Arte, mas eu tenho certeza que eles só devem estar se lembrando da existência das seis primeiras.

O trabalho feito no longa também mostra-se exemplar na evolução de suas personagens em relação ao primeiro filme, já que aqui, foram quase que completamente esquecidas as rivalidades entre a turma de protagonistas e a outra turma que também havia estudado com eles - claro, a amizade supera tudo! -, e ainda podemos ver Spade e seu recém-conhecido filho superando os estranhamentos iniciais em sua relação para formar uma família - claro, o amor paternal supera tudo! -, mas não citarei as outras belas evoluções, já que ainda poderemos vê-las aflorando-se ainda mais no terceiro capítulo desta bela jornada. Aliás, já estou ansioso por este terceiro capítulo, será que se passará no Natal?

O que resta agora é esperar ansioso, pois eu tenho certeza que sempre poderemos contar com a competência de um roteiro como este de Sandler e cia. para tornar até os dias mais apáticos na vida de alguns comediantes sem graça - "Poxa, faltou o Rob!" em algum momento Nick Swardson, que hoje parece substituir Schneider nos projetos de Sandler, deve ter lamentado durante as filmagens - uma experiência especial. Mas será que eles também teriam a competência necessária para devolver meu dinheiro gasto na sessão?

Avaliação Final: [¹/2]

Até a próxima.

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